Pesquisadores do Projeto “Pegada de Carbono” visitam Usina Termelétrica de Santa Cruz

No dia 25 de novembro foi realizada uma visita técnica a Usina Termelétrica de Santa Cruz (UTE Santa Cruz), por parte de pesquisadores do Cepel envolvidos no Projeto “Pegada de Carbono”, que compõe o Programa Sustentabilidade 4.0 da Eletrobras, e que no Cepel é desenvolvido no âmbito da carteira PI no projeto de Avaliação Ambiental para o Planejamento da Expansão (AAEXP). Na visita, os pesquisadores apresentaram os objetivos do projeto, e em seguida visitaram as dependências da usina, destacando sistemas de captação de água, unidades desativadas, turbinas a gás e a vapor, sala de controle da usina e estações de tratamento de água.  

Projeto “Pegada de Carbono” 

O cálculo da pegada de carbono vem ganhando importância no contexto de transição energética, além da necessidade de implementar uma economia de baixo carbono, por explicitar as emissões de gases de efeito estufa provenientes da realização de um serviço ou fabricação de um produto ao longo de todo o ciclo de vida, que no caso da usina térmica equivale a considerar a fabricação de equipamentos, construção, operação e descomissionamento da usina, além da exploração do combustível. 

Nos âmbitos do Projeto, já foi realizada a entrega de um primeiro resultado, correspondendo ao desenvolvimento de metodologia de cálculo de pegada de carbono para projetos de geração hidroelétrica, com estudo de caso da CGH Cachoeira Branca, da Eletrosul. Encontra-se em andamento o desenvolvimento de metodologia para o cálculo de pegada de carbono da geração termelétrica usando como combustível o gás natural em ciclo simples e combinado. Nesta etapa, o estudo de caso a ser utilizado é o da UTE Santa Cruz, empreendimento de Furnas Centrais Elétricas. 

Da esquerda para direita, Juliano, Denise, João, Ricardo, Renato, Igor, Sergio e Alexandre 

O Departamento de Transição Energética (DTS) do Cepel tem direcionado esforços para o tema da Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) por conta do crescente interesse das empresas e também de demandas de investidores. Katia Garcia, Chefe do DTS comenta: “A cada ano mais questões relacionadas à pegada de carbono, pegada hídrica e estudos de ACV de uma forma mais ampla, são apresentas às empresas pelos índices de sustentabilidade das bolsas de valores, como o ISE da B3 e o DJSI de Nova Iorque, bem como pelas agências de ratings ESG (Environment, Social and Governance), como a MSCI e Sustainalytics. Por isso, estar à frente neste assunto é um diferencial importante para os projetos do Cepel”.  

Os pesquisadores que compõem a equipe que desenvolve as metodologias de pegada de carbono e pegada hídrica fazem parte do DTS do Cepel, são eles: Denise Ferreira de Matos, Alexandre Mollica Medeiros, Igor Pinheiro Raupp, João Gabriel Gonçalves de Lassio e Juliano Lucas de Abreu (bolsista). 

Transmissão de conhecimento  

A produção científica é um resultado natural deste esforço, que culminou recentemente na publicação de diversos artigos de congressos nacionais e internacionais, uma publicação em periódico internacional e uma tese de doutorado. Sobre esta produção científica, Denise Ferreira de Matos, gerente do Projeto AAEXP adiciona: “No segundo semestre deste ano, o ex-bolsista João Gabriel Gonçalves de Lassio defendeu a sua tese de doutorado sobre a Avaliação da Sustentabilidade do Ciclo de Vida de fontes renováveis de energia. Além disso, foram apresentados quatro trabalhos nas duas últimas edições do Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica [SNPTEE], dos quais dois foram premiados entre os melhores trabalhos de seus respectivos grupos: “Avaliação do Ciclo de Vida Social de Fontes Renováveis de Energia: Um Estudo de Caso para Uma Planta Solar Fotovoltaica” e “A Contribuição da Pegada Hídrica na Gestão do Recurso Água para o Setor Elétrico”, o que demonstra nossa importante contribuição no tema para o setor elétrico”. Mais recentemente, foi publicado no periódico Energies, um artigo do grupo de pesquisa do Cepel sobre o consumo de água e emissões de gases de efeito estufa associados ao longo do ciclo de vida de tecnologias de geração heliotérmica.  

Da esquerda para direita, Juliano, Alexandre, João, Denise, Renato e Sergio. 

A importância da visita em campo 

O entendimento do encadeamento dos processos de funcionamento da usina é primordial para uma representação adequada, seleção de premissas e coleta de informações, uma vez que todo estudo que envolve avaliação de ciclo de vida requer simplificações. As informações obtidas na visita técnica à UTE Santa Cruz serão úteis no desenvolvimento da metodologia de cálculo de Pegada de Carbono da geração de energia elétrica usando tecnologia termelétrica a gás natural, e servirão também para o desenvolvimento de metodologia de cálculo de pegada hídrica para empreendimentos usando a mesma tecnologia.  

Desta forma, o Cepel, por meio de seus pesquisadores contribui para aprimorar a qualidade das informações a respeito dos processos envolvidos na geração e transmissão de energia elétrica, ampliando o espectro, que atualmente se concentra apenas nas etapas de construção e operação dos projetos, para todo o seu ciclo de vida, alinhados com a tendência de crescente exigência de eficiência e sustentabilidade no mundo corporativo. 

Destacamos ainda o ambiente de parceria proporcionado pelos representantes de Furnas, onde a equipe do Cepel, na visita do dia 25, foi recebida por Ricardo Caetano da Silva, gerente da unidade, além de Sergio David e Renato de Faria Felipe, colaboradores da unidade. 

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