A convite da Petrobras, a pesquisadora Alexia Rodrigues, do Departamento de Planejamento Energético, Comercialização de Energia e Regulação, esteve no TEDA 2025 (Transição Energética Digital e Analítica), realizado no dia 25 de novembro, para apresentar o tema “Energia e mineração de bitcoin: desafios e oportunidades para o setor elétrico”. A fala se baseou no estudo técnico “Sistemas fotovoltaicos flutuantes em reservatórios hidrelétricos com mineração de bitcoin: uma análise probabilística da viabilidade econômico-financeira”, apresentado na última edição no SNPTEE.
A proposta discutida tem como pano de fundo o desafio do curtailment no sistema elétrico brasileiro, onde a crescente participação de fontes renováveis gera um descompasso espaço-temporal entre geração e consumo, resultando em excedentes de energia que impactam diretamente a rentabilidade dos geradores. Nesse contexto, a mineração de bitcoin é proposta como uma alternativa capaz de monetizar a energia desperdiçada, atuando também como instrumento de gestão de risco e otimização financeira, ao permitir ao gerador a opção de decidir entre a venda da energia no mercado de curto prazo, em momentos de preços elevados, e a mineração, quando há excedentes ou preços deprimidos. As simulações realizadas no artigo, no caso de sistemas fotovoltaicos flutuantes em reservatórios de hidrelétricas existentes, indicam ganhos de rentabilidade ao incluir a opção da mineração.
Depois da apresentação, Alexia participou de um painel temático onde foi discutido como essa convergência entre energia renovável, blockchain, mercado de energia e mercado de carbono pode abrir espaço para novas rotas de geração de valor. O debate evidenciou que a mineração, associada ao desperdício energético, pode assumir o papel de ativo digital, transformando um passivo do sistema em oportunidade econômica alinhada à transformação do setor elétrico.


“Explorar o uso da energia excedente para mineração de bitcoin, no contexto analisado, configura-se como um potencial mecanismo de aumento da flexibilidade operacional do sistema elétrico. Quando combinamos geração renovável, digitalização e novos modelos de negócio, expandimos as possibilidades de agregação de valor econômico para o setor”, afirmou Alexia Rodrigues.
Em um cenário em que a transição energética e digital ganha cada vez mais destaque, iniciativas como essa mostram caminhos onde inovação, uso inteligente de recursos e visão de futuro se encontram de maneira concreta.